quinta-feira, 4 de julho de 2013

As mães da Síria II


Mário Rita

Os obuses  caem
No coração da cidade
Geometrizam o espaço

O espaço é o sem fundo
As mãos dos filhos que morreram
Flutuam no sem fundo

O espaço não é a geometrização do lugar onde estão as mães
Se há algumas matérias que não correspondem à virtualidade
Outras obedecem-lhe com cegueira
O espaço desloca-se
E os filhos perdem a corporeidade

A corporeidade é uma tendência
Que aflige os que ainda não morreram

Ou estão a morrer porque o corpo pesa-lhes
Que nem um saco de cimento

Estão em transe as mães de tanta dor