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Mário Rita |
A sola dos pés da vendedora de flores
Tinha uma hemorragia de sangue pisado
Nunca a rosa da angústia pode ser transmutada
Desde que perde as pétalas
A sola dos pés ficou de pé até ao sem fim da guerra
Ensanguentada
Canivetes
Decepavam as entradas
Do mercado que vendia rosas e outras flores
Da Idade Média
As veias já sem sangue
Migraram para sabe-se lá qual espaço
Tinha uma tribo de doze
filhos
No tempo verdejante da natureza deste ano
Já as solas dos pés carbonizaram em três rapazes
Na lonjura de um hospital de campanha
Outro é cirurgião lancetando
Veias de crianças e adultos
Uns combatem
Ainda
Menos de meia dúzia tinha emigrado
Impermeabilizados em parte a este terror
Não lhes ocorreu chamar os irmãos a tempo
São mais as vezes em
que as coisas que poderiam acontecer
Não acontecem
Pelo menos é assim em toda a Síria
Já não se pode ver reportagens desta guerra
Sem um âmbar escurecido
A pesar na consciência